Breve Memória Imutável

Quantos obstáculos serão necessários eu atravessar para crescer?

Quantas idas e vindas eu ainda suportarei

Para o que existe de melhor nesse meu ser florescer

Ainda que a vida leve-me por caminhos

Cada vez mais difíceis de desbravar

Carrego com orgulho esse sorriso insistente

E o brilho questionador no olhar

Eu vejo o céu e ele não mais carrega as cores que outrora

Impulsionava-me a não desistir sem antes ganhar

E em meio a medos e questões sem respostas

Eu sento aqui em meu jardim de solidão

Coberto de ervas que destroem dia após dia

As belas flores que antes retratava com perfeição

Alegrias e o frescor de uma alma em ascensão

Com minhas agora intangíveis mãos

Vou desenhando no solo minhas inocentes pegadas

Riscando em traços pesados

Meus passos de dias passados

Lembrando com saudosa dor

Das alegrias e memórias

De uma vida que não poderia

Ter sido levada de forma alguma

Com menos paixão e amor

Gotas de chuva vindas da atmosfera

Desfalecem no caminho entre o céu e minhas pálpebras

O céu azul de verão faz-me lembrar

Da direção dos raios de Sol

Distorcendo nossas sombras de mãos trançadas

Pouco a pouco a febre toma conta de mim...

Em breve, você e as pessoas ao meu redor

Estarão acostumadas e certamente irão entender assim

O quão intenso e desatento foi meu amor

Que por uma brincadeira do destino

Acabou por encontrar esse triste fim

Agora, o ponto de partida se estreita

E assim terá chegado a hora

No meu tempo exato de partir

Divindades e inocentes

Acompanharão-me a sorrir

Exatamente acima de nós

O deus Sol paira no ar

Engasgo-me com o cheiro da areia molhada

E enfastio-me com o cheiro do mar

Tudo é tão nostálgico...

Meus olhos transbordam

Lábios cerrados tremem

Assoviando notas tristes ao vento

Eu irei reverberar a origem

Minha perspicácia está distante,

Mas com certeza ainda está imutável

O meu peito ainda está meio turvo

Por causa da incessante dor da chuva

Porém...

As coisas sempre mudam...

Onde foi que eu errei?

Os obstáculos caíram...

Qual será o desfecho?

Isso é um emaranhado de coisas...

Então inevitavelmente você para e pensa:

Qual é realmente a cor do céu?

Sinto o admirável e intangível vento

Transpassando minhas ilusórias mãos

E penso em minha viagem

Você é infantil, você irá me dizer

Mas eu fui castigado pelo tempo

Dores que eu nem sequer imaginava, porém

Ao me olhar com esses olhos

De alguma forma, pela dor já esperava

Eu me acostumei a isso

E nessa base, construí minha fortaleza

E fui um pouco tímido e medroso,

Mas tristeza não concede grandeza.

Desejos...

Desse sentimento agora se extrai a catarse

O que foi perdido você SEMPRE pode recuperar

E apesar de tudo...

Acima das dores do mundo...

Eu ainda lembro-me entre lágrimas e sorrisos

E apesar de tudo entre caminhadas, amores e amigos

Apesar de tudo...

Cada dia ao anoitecer

Eu me lembro de você...

Thiago de Moraes
Enviado por Thiago de Moraes em 03/10/2011
Código do texto: T3254790
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