DICOTOMIA
Meus sonhos, são asas que ruflam para o sol
Tudo que vejo me transforma
Tudo que toco é parte de mim
Sou feito por todas as partículas que compõem a matéria
Desde o aço bruto às fantasias carregadas pelas asas leves
Metamorfose é meu jogo
As paredes do desconhecido me instigam
Me oculto no manto da noite
Escrevo nas bordas do silencio os meus planos de vôos inseguros
Justo eu que tenho um pacto com as estrelas de clarear o lado obscuro das coisas
As lembranças do amor me devoram
Evoco na imensidão da memória para achar o último sorriso que me destes
Mas é inútil
Amaldiçoo os que pintaram o céu de cinza
E o vento gelado que circula dentro de mim
Uso minha voz para despertar os anjos
Que dormem sob o manto da lua
Como clarins das madrugadas
Mas quem haveria de me escutar nesta noite?
Estou sem saída, mesmo assim me ergo
Pois caminha em mim o desejo irrefreável da mudança
Minhas pupilas estão dilatadas,
Meus braços estão exaustos
Não escuto as batidas do meu próprio coração,
nem sei se vivo
Oh poetas
Oh desbravadores do futuro
Oh vanguardistas do pensamento,
Oh novas idéias que iluminam,
Recomendem o caminho,
Aplainem os atalhos, pois eis que lhes sigo
com os meus comboios de dúvidas
E a minha alma febril.