A JANELA
A J A N E L A
Neste momento a janela está aberta
Antes nem sei se ela existia
Ainda ontem olhei bem a parede, estava toda branca
Pensando bem, via-se um quadrado azul
Lembro que três dias atrás o quadrado era verde
Ah! Sim! Na semana passada era dourado
Percebo que cada dia ele é de uma cor diferente
Pode ser que antes não fosse janela
Mas agora com certeza, é!
Quando a parede era sem cor... antes de pintá-la
Bem... não existia quadrado nenhum
Na primeira vez pintei a parede de amarelo
Nela destacava-se um losango meio que cor de rosa
Losango? Mas como?
Epa! Janelas não são retangulares?
Nem mesmo quadrada elas são
Será se era o nascimento de uma?
O normal então seria um círculo
A janela nascendo de um ovo
A que está aberta não é janela?
Nem quero pensar que seja uma porta
De dentro da caixa do egoísmo não dá para definir bem
Tenho medo de aproximar... sair deste marasmo
E se ela tornar-se novamente só um quadrado?
Não! Isto nunca!
Quero o ar que entra por ela
Que maravilha! Pela janela vejo a chuva
Correndo sob a chuva algumas crianças
No rosto de cada criança um sorriso
Cada sorriso delas é uma janela
Que se abre para a estrada da felicidade
Que dá acesso à quadra do amor
Acho que vou pintar a parede de marrom
Ave! E se aparecer um triângulo vermelho?
Nossa! Se surgir um hexágono preto
Marrom, vermelho, preto... é sangue
Derrubo-a, ponho tudo no chão
(setembro/2007)