Coração de poucos vinténs
Nesse canto do mundo
de pão e circo certos,
incertos, o sexo de cada dia
e aquele abraço de alma
que esquenta o coração
todos os dias
por todos os anos
dos calendários todos.
A quem interessa isso?
Não sabem
o corpo e alma.
Sabe o coração
que cai aflito
de cotação
no mercado
internacional.
Coitado!
Estripou-se em queda
vertiginosa, o coração.
Sua compulsão era amar!
Um coração machucado
vale poucos vinténs
no mercado municipal.
Ninguém passa a mão
no coração que sangra
sobre o balcão do São Sebastião.
Quem quer sujar de sangue
as mãos?
O corpo vazio de coração
ronda os porões.
A alma escorre
na água da sarjeta,
pelas bocas de lobo,
ganha o oco do mundo
para ver que o mar
dessa cidade é verde.
Nem tanto bravio,
esse mar que afogou
Iracema.