Cão Negro
"Ouço uivos pela selva
Que eu não conheço
Ladram os cães que me seguem
Bem sabem que na relva
Podem ser a pouco preço
Espere que a morte e dor te levem.
Foi-se a vida do poeta
Resta a tristeza do homem
Acabou-se o sentimento
Pois nesta floresta
O medo e a morte consomem
A todo momento.
Cão negro vindo das profundezas?
De súbito faz-se o grito
Que rasga o céu cinzento:
Agora com mais certezas
Tudo o que acredito
É sem contentamento.
Seria o fim do poeta-triste
Agora um mundo irreal?
Sem desejos
Nada existe
Me sinto mal
Apenas o beijo
E o cheiro
Da morte...
E Do cão infernal..."