...SOPRO DO TIGRE II...
...No útero do vento lento,
rasga o sopro, vago vagão pagão de tua solidão.
Sopra o tigre andino, seu último tino,
o sustento divino de seu rugido antigo.
Vaga vento no tormento isento,
vaga tigre sorrateiro ao vento,
o medo de teu rude bramido.
Cata cata-vento teu leve vento,
teu sonho reprimido e o eco desse teu zunido,
no casto e idolatrado movimento.
Cuida tua cria, tua placenta, tua ira,
teu desvario animal que tão humano parece ser,
assovia o vento e tuas mandíbulas,
penetram na carne do tempo insano,
no asfalto sintético de tua torpe ilusão.
Vai andino tigre, rasga o colo do vento,
o útero de um único momento,
o velcro da ilusão do tempo,
a cortina de teu casamento,
o véu do himem hibernal,
vai andino, na tua dança animal,
teu sopro antigo já não me traz temporal...