Cílios

Curvaram-se estáticos.

Estavam mortos,

estavam frios.

O mundo dissipava-se

aos arredores da capela

um amontoado de fios.

Ele, de esguelha os observava.

Eles observavam a sombra dos seus olhos,

enormes cílios, a abrir e fechar grandes olhos.

E aqueles olhos, o que eram eles?

Não se sabia, pois nada viam.

Era apenas uma incógnita

do que era aquilo, do que seria.

Ele sabia que estavam mortos,

estavam mortos e estavam frios.

E suas mãos entrelaçadas

selavam-se, coladas, ao eterno silêncio

de almas pequenas.

Os cílios abriam as imagens mortas

e fechavam as que nasciam.

Os olhos observavam aquilo com ternura,

apenas mais um fio a dissipar

envolto de memórias póstumas

de clima frio...

Aura Ksna
Enviado por Aura Ksna em 08/08/2011
Reeditado em 17/01/2012
Código do texto: T3147750
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