Ato Falho
Como sou dissimulada
e me mascaro tão bem,
como o ser dissimulado
dos amores que não tem.
Me pedistes para sofrer,
e bem sabes que é verdade.
Só te fiz o que me pedistes:
dei-te adeus e até mais tarde.
E agora me chamas de má,
de bem ser dissimulado,
e bem sabes que não me engano,
deixo-me ser, bem obrigado.
Teu ar de homem feito
só deixou-te mais impotente,
quanto a mim, pouco bastava,
para deixar-me contente.
Apenas a vontade de machucar-te existiu,
mas admito, enfurecida, que não o fiz.
Me machucastes primeiro
ao pedir-me tal ato falho.
Quis de ti o que não quizera de mim,
tampouco pensei que me amarias.
Sabes que meu coração carrega carne fria,
e que se te cativei me permitistes tal cativo.
Éramos apenas dois tolos:
Eu, menina sem coração,
Machuquei-te, homem não tão bom.
Perdoe-me, mas tu que me pedistes, recorda-te.
Sabes que nosso amor não existe,
não te quedes triste,
pois noutro lado ele está,
não comigo, mas com quem quer-te a chorar.
(*Ao Monstro)