POETA DE AREIA
DE REPENTE vejo-me num deserto
quente
em minha volta só areia
o sol queimando
minha cabeça
minha boca seca
o vento me lambe
com sua lingua apimentada
minha carne queima
arde
Eu sofria sem água
como vim parar no
deserto do SAARA
Abutres estão em meu encalço
eles voando do alto,esperando
eu captular
para minhas visceras degustar
Hoje serei á refeição
dessas aves cruéis
Eu sozinho no deserto
a mercê da sorte
sem água
sem norte
só esperando o abraço
da morte
Minha visão turva
embaçada
eu fraco
desidratado
estou
definhando no deserto
no céu aberto
com o sol me cozinhando
Não consigo nem chorar
sem lágrimas no meu
olhar
como último pedido queria
meus lábios umedecer
No deserto sem miragem
por perto
nemhum óasis vai aparecer
no deserto vou mesmo morrer
os abutres irão me dissecar
antes do meu corpo sumir
Engolido sem compaixão
nesse lugar quente e
árido,sem dó
que pena
fim do dilema
vou virar um poeta de areia