Varal Patético

Estendidos nos varais de arame farpado
Rotos e desbotados sonhos inacabados
Enfileirados nas caixas de lápis de cor
Diminutos crayons ressecados pela dor


Empilhados no arquivo tido como mortos
Perdas viscerais permeiam as prateleiras
Inúteis adornos antigas fitas de carbono
Pintam de roxo a insônia que furta o sono


Nas margens do distante ribeirão poluído
Solitária garça  busca  projetos perdidos
Esperança ilegível mergulhada em detritos
Impositiva surdez  sufoca  todos os gritos


Um exército de formigas aniquila parreirais
Surreal imagem, morrem os frutos, o vinho
Ilhados os sentimentos no amarelo outonal
Gama de aquarelas repinta  roupas no varal

Ana Stoppa 220711


Ana Stoppa
Enviado por Ana Stoppa em 30/07/2011
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