Dama da Madrugada (ausência)
A madrugada sem sua dama fica muito vazia de sentido
será que o sono resolveu dobrar-lhe os princípios?
eis um questão pertinente para uma presença ausente,
que talvez relegue ao esquecimento sua resposta,
já que no virtual tudo parece ser sempre tão efêmero
e no real, não ao contrário, todos terminamos também voltando ao pó originário,
eis um prólogo filosófico-insano a se considerar no passar dos minutos do relógio...
E enquanto todos dormem o corvo observa o nada como se alguma coisa fosse,
talvez na esperança de que ele se torne tbm mais do que um nada nas "coisificações" do mundo,
esse mundo de garatujas e rabiscos cujo sentido embaça o espelho,
valerá um conto viver nessa terra de metamorfoses inglórias,
valerá dois contos cavalgar por desertos de neve e solidão,
valerá três contos escrever palavras sem alcance na dimensão de um silêncio maldito?
Devaneios de uma noite longa...
Enfim, tarda-me o consolo de uma alma incurável,
tarda-me o sono de uma fuga impossível,
tarda-me a paz de uma culpa indelével,
tarda-me o perdão de minha própria agônia indômita,
vôo pela noite com asas de um anjo negro caído na sordidez de uma humanidade vã,
nas tolices de minhas preocupações manifestas,
nas ruínas de memórias que teimam manter-se como fortalezas da eternidade,
almaldiçoado que sou por sentir demais em noites em que os outros sentem de menos...
Sem ti, dama da madrugada, minhas palavras ressoam frias e dispersas por entre nuvens sem estrelas,
volte da inconsciência para as noites que sempre lhe abrigaram de bom grado,
pois entre as trevas também existe luz...