Perfeição
Não, eu não deveria pensar nada
Não, eu sequer deveria estar aqui
Não há espaço para almas sem sorrisos neste lugar
O que é aquele que se abstém de tudo
Para permanecer forte?
Um espelho que não reflete?
Um recipiente que não armazena?
Uma poderosa armadura
Por demais arrogante para que um soldado a vista?
Um objeto qualquer
Que de tanta perfeição
Perdeu sua utilidade prática?
Para que serve a espada
Que não encontra ninguém digno de empunhá-la?
Apenas para cobrir de poeira tanta perfeição
E talvez ser lembrada por aqueles
Que contemplavam sua beleza
Sem saber o preço que por ela pagara
Não, essas palavras não deveriam estar aqui
Elas queimarão algum dia
Junto com a agonia que carregam
E talvez então o mundo conheça a paz.
Se não podemos alcançar a perfeição
Então o que estamos perseguindo?
Nossa busca será recompensada
Ou seremos recebidos com risos
Quando a ilusão for desmanchada?
Dê-me uma razão para sorrir
E apontar-lhe-ei dez para chorar
Hoje não é um bom dia
E não tente insistir no contrário
Não me diga o seu nome
Pois não pretendo lembrar
Hoje eu esqueci o mundo
Assim como ele me esqueceu
Não olhe para mim
Pois a perfeição foi violada
E pouco resta da beleza de outrora
As manchas apagam todo o brilho
E o que fora uma guerra perdida
Talvez pudesse ter sido ganha
Se a espada não se houvesse achado tão importante
E se permitisse ser empunhada
Mas agora é tarde
Só restam os sussurros de almas que não voltarão