ESTAÇÕES TURBULENTAS
E S T A Ç Õ E S T U R B U L E N T A S
O tempo urge
Não posso ficar aqui parado
Preciso percorrer caminhos desconhecidos
Ultrapassar obstáculos
Trilhar sendas
Beijar jardins de inverno
Onde está minha terra arada?
Cadê minha liberdade cerceada?
O que é feito da minha alma renegada?
Como fica minha luta? Travada?
No percurso do olhar alvoradas frias
Na mão aberta um grão de vento
No documento espólio do pai
Pensamento livre na primavera
Descanso em berço de arco íris
Abraços demorados
Lábios quentes
Diminutos bocejos
Abre-se a janela
É imprevisível o verão
Não posso com o carrasco
A guilhotina está afiada
Quedam-se os enforcados
No inferno são trevas
Um açoite
Trágica mediocridade
No outono turbulências
Noites selvagens
Intermináveis forças ocultas
Arranca os despojos do sarcófago
São repugnantes invólucros
Não quero morrer
(junho/2000)