Emaranhado Tempo
A vida segue em frente
O que não me impede de voltar ao passado
E rememorar os baús de suas memórias
Vezes e vezes sem fim
Será fraqueza admitir que não entendo mais nada?
Que depois de tentar ajudar a todos
Talvez alguma ajuda me fosse bem-vinda?
Caí em uma rede tão grande de ironias
Que não consigo mais me soltar
Quando pensei que os enigmas estivessem resolvidos
Retorno à pergunta primordial
"Quem sou eu?"
E quem senão um destino travesso
Me atiraria no mundo
Sem essa resposta?
No fundo, é só um vento nostálgico soprando de novo
E brincando um pouco com nossas vidas
Caí em uma pilha de armadilhas insanas
Por mim mesma preparadas
E só me pergunto como posso ainda estar viva
Tudo muda num piscar de olhos
Mas acaba sendo sempre a mesma coisa
Sequer sei se estou controlando
Ou sendo controlada
Mas a avidez desconexa de minhas palavras
Faz-me restar apenas a segunda opção
Não posso retornar a lugares em que nunca estive
Não posso relembrar o que nunca conheci
Não posso controlar o que nunca esteve sob controle
E controlar algo é diferente de apenas ignorar sua existência
Se eu quisesse uma vida simples
Poderia abster-me dos mistérios
E entregar-me ao controle do acaso
Não sei por que escolho o caminho da agonia
Mas costumava haver algo que queria defender
Nublei meus olhos com névoas insensíveis
E me perdi em algum lugar longe da verdade
Não compreendo suas palavras
Pois elas não mais me alcançam
Poderia estender os braços
E ser resgatada num tenro abraço
Ao invés disso, me lanço num sono profundo
Esperando a próxima era
Para acordar novamente
Se quiser que seu tempo valha a pena
Não me espere...