AMOR VAMPIRO
Soturnos jardins
claro-escuro
orvalho brilha na folhagem
pia a coruja
estremeço
enlangueço
diluída na madrugada
sobre a pedra fria
vergo o meu corpo
espero aquele que
vem com as sombras
quero o meu beijo
de eternidade
e a suave mordida
e o êxtase da entrega
àquele que nunca morre
anseio por tal aconchego
de pêlos macios
de boca sedenta
de sobre-humana avidez
e de ternura enfim,
quando o homem
supera a besta
e seus olhos imploram
e se saciam de minha
feminina essência.
Anseio por este
que se faz único
e vem com a fúria
dos ventos quentes
e me transporta plena
em suas grandes asas negras
anseio por seus rubros beijos
de vida e morte
pela tepidez da sua carne
pela fúria incontida
pela eternidade em suaves toques
de suas garras feito mãos macias
de seu sexo incendiário
seu beijo abrasado
sua voz sussurrante, longínqua
a voz de todos os tempos
a cor de todos os medos
a força deste amor transfigurado.
Estou sobre a pedra fria e tremo
de frio, de paixão, de medo?
É noite pelo meio, é hora,
e rasgando minhas vestes
me terás, a tua doce amada
e beberás em meu sangue
a tua redenção e retorno
seremos Vida e Morte
o Tempo e a Sorte
o Amor Eterno,
Céu e Inferno!