MATRIZ DE NADA
M A T R I Z D E N A D A
Tiveste o sucesso nas mãos
Já foste a mais bela fêmea
Alardeaste ser o máximo!
Chegaste a ser comparada a uma flor do cerrado
Tua mente zomba do teu discernimento
Em ti não sobraste um fio de caráter
Cultuas a imoralidade
Hoje você é matriz de nada
Acontecerá o sortilégio...
Tens a vida por um grão de mostarda
A morte te bafeja com hálito ácido
Agora te enforcarão
Antes rasgarão tuas vestes
De medo teu flanco tremerá
Mesmo que chores será tarde
Ainda que berres nada te darão a beber
De fome rastejarás como cobra
Teu sangue será seiva venenosa
De tuas tetas escorrerá fios de sangue
Verterás água sulfurosa pelas narinas
Dardos e punhais rasgarão tua pele
Pontas de lanças te ferirão no umbigo
Sentirás dores atrozes pelo corpo
Uivarás e rugirás como fera na floresta
Teu corpo fecundará uma semente
Gerará raízes sugadoras
Do tronco nascerão folhas carnívoras
Teus olhos serão brasas baças
Tua filial usurpará teu nome
Invisíveis fungos contaminarão tua zagaia
De tuas entranhas ouvirão sons inintelegíveis
Do teu ventre nascerá um monstro ciclope
(novembro/1997)