Circo de Silhuetas (poema antigo)
Naquela embriaguez depois do horror,
Voltei a ter aquela velha e amarga raiva,
Meus frutos apodreceram,
Diante das festas primitivas dos expurgos animados,
O juiz já está de pé,
Eliminando o lírio que está saltando de sua barreira.
De baixo de um calor que me afoga,
Num manto forjado no fogo,
Escondo-me de minha sombra,
E escuto gritos e risadas,
E assassino o preço antes de nascer,
Brincadeira sem fim...
Letras vorazes sobrevoavam em um círculo de ofensas,
Marionetes se debatem explodindo as emoções,
Tudo está tão escuro que ninguém vê nada,
Nem mesmo as luzes escolheram ao leito do espetáculo,
Apresentação inescrúpula sonora e bizarra,
Lótus virgem do sol,
Cresceu-lhe entre a loucura,
Nos cúmulos da agonia.
Vejo silhuetas de rostos esfacelados pela perdição,
Nenhuma alma vai ir ao seu destino,
O circo vai andar,
A luta vai proliferar,
E a extinção da música,
Quebra ritmo em declive,
Um frio que não chegou.
Caminhando nos caminhos da luxúria,
Esgueirando seus olhos na distante cruz,
O bento e o profano não entram,
Apenas quem vai extravagar o tudo e o nada,
Se quem tem as plantas de seu jardim for preso,
A volta por cima será cruel,
E os tiranos vão se esconder no incolor restante de seu reino.
Vou cortar o mal pelo seu calvo espinho,
E apagar tudo que trancaram no silvo dos segredos,
A prensa da atenção irá cair como um grito sobre meu ato,
Se todos rirem no pano para limparem o sangue velho,
Não há mais motivo para pisar na brasa,
Sem que eu perceba,
As coisas ganharam o seu ponto final,
O espetáculo acabou,
O sono estendeu-se até a melodia do nascimento,
E a gruta dos ladrões sumiu,
Para que eu não precise,
Voltar aquele velho circo de silhuetas...