TRADIÇÃO DE FAMÍLIA
T R A D I Ç Ã O D E F A M Í L I A
Abrem-se as cortinas e começa o espetáculo
Uma imensa aglomeração de homens
É o pátio de uma grande penitenciária
Os condenados tomam banho de sol
Alguns bem vestidos, outros maltrapilhos
Uns barbudos, imberbes, cabeludos...
Brancos, pardos, negros, carecas...
Fortes, fracos; de todos os tipos
Este aqui assaltou e matou um padre
Aquele lá seviciou uma idosa
O outro estuprou uma criancinha
O próximo é só um ladrão de galinha
Trocam pilhérias entre si:
- Na minha família não tem gente boa
- Na minha é tradição; todos somos bandidos
- Matei, roubei, estuprei e não me arrependo
Suas canetas: metralhadoras, rifles, três-oitão...
Criam telas de piadas sangrentas
Calha aqui afirmar que são feras
Solidários nas coisas do crime
Se não! Devoram-se pelos caninos
Guiam se pelos prumos da bandidagem
Nas celas se amontoam na promiscuidade
No mundo foram de gangues diferentes
Internamente sempre há rusgas
É comum agressões com arma branca
Os menores delitos praticados: furtos
Também há presos por vadiagem
São elementos reincidentes
Cada pilantra usa de conversa mole
A safadeza maior é entre parentes
Reúnem-se em grandes quadrilhas
Aplicam golpes os mais insólitos
Estelionato, bilhete falso, combustível adulterado...
Divertem se em bagunças de psicopatas
(dezembro/1993)