ASSOMBROS DA ALMA
Eu vejo, na noite, as cores
nos olhos celestes cintilantes,
observando pelos arredores
aonde vaga, qual ser mutante.
Sigo sem pressa e sem medo,
por luas e sóis deste infinito.
Não revele os meus segredos,
Pois sou o temor do teu grito.
Invisível aos olhos do teu vulto,
hoje caminho nas trevas da dor,
destinado a ser este lado oculto
dos sentidos, ao visível dissabor.
Névoas, luas, trevas e estrelas...
presságios do meu corpo febril,
que agoniza por entre veredas
deste crepúsculo da alma ardil.
Como tocha que clareia a noite;
qual a um corvo que vela o fel;
nos sótãos cegados ao holofote,
espantalhos que correm ao léu.
Nas plantações do teu desamor,
pesadelos vigiam o meu sono,
entre gemidos de lúcido clamor,
aborto a alma, neste abandono.
Desfazendo-me neste arrepio,
ectoplasma veda minha visão.
Vagando em silêncio e arredio,
Sepulto a vida em meu coração.
*****
®
Giovanni Pelluzzi
São João Del Rei, 03 de junho de 2011.