No lixo da poesia...

No lixo da poesia

Alma mendiga e vadia

Achava a sua alegria

O seu pão de cada dia.

No lixo da poesia

O meu ódio se esvaiu...

Só algum cego, não viu

A vaidade era seu guia.

No lixo da poesia

Um céu eu fui semear

Eu sabia, sim, sabia

Que alguém não ia gostar...

Bendito lixo, bendigo

Ilusão do meu capricho.

Já desvelado o inimigo

Do meu malfadado lixo.

Pudesse eu mudava a face

Que regou o frio asco

Coringa no desenlace

Desnudava o vil fiasco.

Mas nudez não me permite

Sou o que sou, rasgo o verbo

Agradeço algum palpite

Com desprezo ao vil acervo.

ANA MARIA GAZZANEO
Enviado por ANA MARIA GAZZANEO em 02/06/2011
Reeditado em 11/03/2014
Código do texto: T3010666
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