No lixo da poesia...
No lixo da poesia
Alma mendiga e vadia
Achava a sua alegria
O seu pão de cada dia.
No lixo da poesia
O meu ódio se esvaiu...
Só algum cego, não viu
A vaidade era seu guia.
No lixo da poesia
Um céu eu fui semear
Eu sabia, sim, sabia
Que alguém não ia gostar...
Bendito lixo, bendigo
Ilusão do meu capricho.
Já desvelado o inimigo
Do meu malfadado lixo.
Pudesse eu mudava a face
Que regou o frio asco
Coringa no desenlace
Desnudava o vil fiasco.
Mas nudez não me permite
Sou o que sou, rasgo o verbo
Agradeço algum palpite
Com desprezo ao vil acervo.