QUERELA

Afoguei minha alma num dia nublado de novembro

Pela janela do prédio

Os sons dos motores convidavam meu corpo a partir

Era preciso ser rápido

Para não ser tragado pelo inferno das campainhas,

Buzinas, gritos do cotidiano

Nesse dia eu queria fazer as pazes com a vida

Foi quando percebi

Minha alma também era concreto

E se confundia com as paredes do meu quarto

Fiquei sem chão

Pois como pode haver poesia

Se não sinto o sublime da vida

Meus versos estavam sem gosto

Pálidos

E eu nem tinha palavras pra terminar o que comecei

Enquanto as indagações me martirizavam

Minha alma sofrida agonizava

Suplicava outra chance

Mas eu estava resoluta

Olhei para o relógio

Estava atrasada

Havia um compromisso menos importante

Mas fácil

Que alma densa essa minha!

E dura de morrer

Preferi sair assim

Nenhuma palavra mais

Talvez um dia a gente se entenda.

Janina Dias
Enviado por Janina Dias em 30/05/2011
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