Dente do olho, ouvido da alma
O peito quer falar algo
Mas a boca não consegue
Pois nesse corpo esgalgo
A mudez me persegue
É peito sem corda vocal
É boca em peitoral
Sem voz que se entregue
Então sorrio com olhar
Desse jeito impossível
E o dente torto a mirar
Quase imperceptível
É aparelho no dente do olho
É a íris do dente de molho
Meu Deus, que coisa incrível
Passo a lhe ouvir com a alma
Pela orelha que o espírito tem
Mas, se cobrir com a talma
Ainda assim ouço além
É um ouvido imaterial
É o ruído celestial
Não me incomoda e faz bem
Assim ando em pensamentos
Na estradinha da imaginação
Não são pernas, nem membros
Só flutuo da imensidão
É a pegada deixada no ar
É o intangível a caminhar
Ainda me perco na imensidão
E por todo o caminho,
Há pegadas de sorrisos…