Dente do olho, ouvido da alma

O peito quer falar algo

Mas a boca não consegue

Pois nesse corpo esgalgo

A mudez me persegue

É peito sem corda vocal

É boca em peitoral

Sem voz que se entregue

Então sorrio com olhar

Desse jeito impossível

E o dente torto a mirar

Quase imperceptível

É aparelho no dente do olho

É a íris do dente de molho

Meu Deus, que coisa incrível

Passo a lhe ouvir com a alma

Pela orelha que o espírito tem

Mas, se cobrir com a talma

Ainda assim ouço além

É um ouvido imaterial

É o ruído celestial

Não me incomoda e faz bem

Assim ando em pensamentos

Na estradinha da imaginação

Não são pernas, nem membros

Só flutuo da imensidão

É a pegada deixada no ar

É o intangível a caminhar

Ainda me perco na imensidão

E por todo o caminho,

Há pegadas de sorrisos…

Walter Gandarella
Enviado por Walter Gandarella em 27/05/2011
Código do texto: T2996743
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