Manchando um conto
A poesia está cansando
Causando o cansaço do escritor
Unindo a escrita ao conto
Tentando contar pra esquecer
O conto cantado que cansa
E ando no canto do conto
Contando o cansaço que esquece
Contaminando com o canto do desconto
Descontando a conta do canto
Encantando o cansaço da vida
Contando o encanto que cansa
Cantando a dor da ferida
Ferindo o canto cantado
Cansando a vida marcada
Vivendo o conto sem encanto
Já com a alma manchada
A mancha marcada nos contos
Cantados em versos contados
A marca da mancha do canto
Fere o canto da mancha
A marca da mancha contada
Encanta a mancha da dor
Fazendo doer os contos contados
Tentando cantar o amor
Quem canta o amor em contos
Desencanta o canto da dor
Contando o cansaço da vida
Desconta o canto de amor
Encantado fiquei e contei
Os cantos de uma vida
Mesmo que as marcas contadas
Fizessem abrir a ferida
Ferir e meu canto encanta
Contando a ferida cansada
Cansando a marca da vida
Malfadada história, malfadada.
E mesmo nos contos encantei
Teci a conta dos contos fúteis
Manchando os cantos carentes
Criando umas histórias inúteis
E quando cansei de contar
Criei uma conta sem mancha
Marcando o conto sem vida
Contando uma história vivida