ALAMEDA DA DOR
Refaço o caminho incauto
repleto de imensa dor
na via cruzes o parnásio
palhaço, poeta, ator
me pinto de lama o encharco
desenho poemas sem cor
deserto de luz e mormaço
nas trevas te queimo rancor
em fio teorema embaraço
retrato pecado em flor
deveras humilha o escravo
um dia fugiu de pavor
nem vela, nem choro, nem cravo
repara o que sinto, o que sou?
na luz faisca de um fraco
do perfume só o frasco restou
uma nota toque de aroeira
alfazema, jasmin e horror
do alto o penhasco alvoreia
embaixo alameda da dor.