Esqueleto
Não te foi o bastante
Ver-me nua
Braços abertos
Pernas cada uma em zona distinta do mundo
Ossos expostos
Olhos reflexos, côncavos, buscando negror interno
Sem asas
Sem ancoras
Sem carteira de identidade.
Não te foi o bastante
A promessa que cumpri
De não mais ser tocada
Por nenhum som que seja
Nem valsa.
Não te foi o bastante
Aquela indecisão de não saber quem era
De não reconhecer-se
De não entender realidade onde nada houve
Decerto.
Louco, fostes arrastando-me
Vendaval em tempo de poeiral
Casas ocas de bocarras tortas
Pau e barro
Taipa.
Mas não te culpo
Como não poderia culpar-me a mim.
Antes, adormeço todas as noites
Sob galhos secos em terra sedenta
Enquanto pássaro lá no alto
Diz assim
Eu vi, desgraçados, vi...
LLima