Percalço
Era eu cotovia
Grasnando
Levada pelo açoite do corpo
Cujos braços pareciam asas
Rindo como água que se escorre
Sem medo.
E o abraço espontâneo
Mormente em afagos
Pés marcados no chão do tempo
Foi tudo o que fui
Mais não podia
Mais não cabia
Mais agora é vão arquitetar
Dedos cansados.
Era eu do outro lado
Dizendo saudades
Lembrando amor que não vinha
Secando ao desfolhar de um tempo
Que nem de árvore se fez
Que dirá dos paraísos que, dizem, Deus os fez.
Já não sei de quem sou cria.
E já me chorei toda de pecados
E já me pedi inteira de perdões
E já ouvi silêncios demais.
E já me cansei tudo que consegui.
Então, agora ando por aí
Aguardando o que for feito de mim.
Mas do cálice de teus olhos claros
Nem sombras apalpo.
LLima