TUDO ISSO QUE SOU
24.10.05.
Não sei o que vem primeiro: a causa ou o efeito
Sou peregrino em minhas Compostelas
Imagino um mundo perfeito
Cenários, telas...
Submerso em minhas agonias
Por hora contento-me com o real
Que não é tanta angústia assim também
Nem tampouco plenitude e
Isso é bom: há coisas debaixo do Sol...
Troquei de felicidades como se troca de roupas e
Sinto que estou perto
Anjos e demônios transitam nessas esquinas
Esquálido, perplexo, atônito
Acerquei-me de escudos, muralhas
Protegi-me demais sem querer, exageradamente
Às vezes temo ter deixado brechas
Mas não, radares, sondas, lunetas e
Isso é bom: há coisas debaixo do Sol...
Não sei donde vim nem para onde vou
Sou estrangeiro nessa Terra de Santa Cruz
Meu Monte Pascoal virou Monte das Oliveiras
Fiz todo o Gólgota entusiasmadamente e
Não clamei por meu Pai
Sou novo ainda, posso reter muita coisa
Viver nacos de selvageria
Contentar-me enfim com isso que sou...
(“Terra de Santa Cruz”: antiga designação do Brasil)