DAR O LUXO AO QUE NÃO SE PODE DAR O LUXO

03.07.05.

Minha crise existencial vai fazer trinta e dois anos

Vou festejá-la com muita cerveja e anestesiá-la

No dia, não vou ler Oscar Wilde nem a Cabala

Passar longe de Ernest Hemingway

Não vou ouvir Ludwig nem Amadeus

Trancar na gaveta Woody Allen

Folga para Jean-Paul Sartre e Victor Hugo

Sonífero para Confúcio, para Sócrates

Férias ao meu verdugo e

Mandar Sêneca passear com Shakspeare

Não vou olhar meus espelhos

Vou rasgar minhas introspectivas perspectivas

Expulsar meus velhos fantasmas e convidar Gasparzinho

Família Adams e comer chicletes

Queimar minhas fotos, identidade, meu automóvel

Tomar chá de esquecimento e viver no futuro

Tomar chá de cadeira e ficar imóvel

Encher balões e estourá-los sozinho e

Assim comemorar trinta e dois anos, alguns invernos

De crise existencial!

Marcelo Braga
Enviado por Marcelo Braga em 21/05/2011
Código do texto: T2983574
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.