ABERRAÇÕES
A B E R R A Ç Õ E S
As cobras-serpentes, apesar de ovíparas
Dão crias as mais amaldiçoadas aberrações
Pare homens com aleijões na probidade
Outros perfeitos em imoralidades
Todos nascem lambuzados de excrementos de porco
São sempre candidatos no teatro das falcatruas
Os crápulas têm tentáculos
Para se apoderarem das coisas alheias
Os demagogos têm línguas soltas e compridas
Para babarem suas idéias de jiricos mancos
E enganarem os incautos e humildes
Os proxenetas não têm sexo nem alma
Mas têm devassidão para arrebanhar as inocentes
Os exploradores saem parecidos com aves de rapina
Bicos longos e garras encurvadas para se segurarem
E rúmen imenso para não desperdiçar subsídios
Os peçonhentos ejetam seus venenos ao bel prazer
Para entorpecer aqueles que lutam por seus direitos
Os pelegos administram em favor do patrão
Sempre levando o empregado à escravidão
Porém delas (cobras) também nascem
Cupidos sem definições plausíveis
Hospitais que não atendem os doentes
Religiosos que seviciam crianças
Juízes que se corrompem pelo ouro
Médicos que matam por prazer
Cientistas que pesquisam para envenenar
Pai que estupra filha
Mãe que degola recém nascido
Neto que esfaqueia avós
Jornais anunciam serviços de sexos
Fomos jogados na sarjeta
Abandonados ao próprio azar
Esquecidos dos deuses e não deuses
Estamos nos quintos dos infernos
(agosto/1991)