LONGE E FRIA
Longe e fria dói a vida.
Incontrolavelmente a lágrima
umedece os poros neutros,
o brilho ganha corpo.
Rente ao parco caminho
que enforca os passos
límpidos do criador,
a luz arranca a porta.
A árvore está com a raiz podre
os frutos secos caíram
sobre as crianças mudas.
De perto a dor se cala.
Os raios cegam os olhos;
andando a passo trôpego
os caminhos caem no precipício.
De perto a vida ferve,
mata a dor e anuncia
as boas novas da criação.
(Poema publicado no livro Assim se Fez, de 2002)