DEPOIS DA TEMPESTADE VEM A ENCHENTE!
15.10.2008.
Sonhei que eu era feliz
Morava numa casa em formato de L
Tinha esposa e filha ao lado
Profissão e contas para pagar
Supermercado e coisas para comprar
Sonhei que eu era feliz
Escrevia meus livros
Lia filosofia, ouvia música
Todo o dia era concelebrado
Sabia cantar, desafinado
Sonhei que eu era feliz
Existencialista
Atomista
Perfeccionista
Agnóstico, cético e quase ateísta
Imaginei-me louco
Loucura da mais doida loucura
Louco porque pensava
Bela porque é vida
Passageiro porque tudo passa
Imaginei-me pronto
Listo para a vida constante
Refeito para viver tal instante
Porque o amanhã é só amanhã
Porque depois da tempestade vem a enchente
Imaginei-me feito
Preparado para o mundo
Para meu mundo apenas que fosse
Para minha mulher, para minha filha
Porque o inferno é os outros e o mundo: uma ilha
Sonhei que tinha dentes e estômago
Cabelos, músculos e olhos castanhos claros
Coca-Colas e cigarros
Mãos hábeis e calos
Porque o mundo é um moinho
Sonhei que eu era a mesma pessoa que sempre fui
Que meu humor se alterava nas fases lunares
Que havia morado em tantos lugares
Que tive vários empregos e mulheres
Porque é na mesa onde se põem os talheres
Sonhei que tive móveis e coisas
Que comi de tudo em tantas cozinhas
Que plantei quiabo e colhi tomates
Que pintei casas e arremates
Porque mais vale um na mão...
Estive em tantos estados
Visitei todas as nossas regiões
Conheci climas e sotaques
Culinária e regionalismo
Porque atrás desse morro deve haver outro
Estive em tantas pessoas
Visitei todas as salas do ser
Conheci alma, espírito
Religião e metafísica
Porque sábio é aquele que sabe que não sabe
Estive em tantas coisas
Visitei tantas praias, tantas serras
Conheci élan, id, ego, imo
Socialismo e neoliberalismo
Porque deve-se saber um pouco de tudo
Sonhei que meu eu era tão EU
Sonhei que mundo era tão MEU
Que quando procurava acordar
Que quando assim me beliscavam para acordar
Era um mar onde se afogavam quem queria em mim estar
Sonhei que tinha um aquário
Família, geladeira, armário
Cunhado, primo, tia, sobrinho
Sonhei que não mais estava sozinho
Era um mundo de gente passeando no meu
Avenidas, ruas e vielas
Sete dias, sete vidas
Frutas vermelhas e amarelas
Um saco de balas sortidas
No sonho, no sonho...
Cidades, bairros e estados
Países, hemisférios e continentes
Preciosidades e grandes achados
Muita coisa, muitos bichos, muitas gentes
No sonho, no sonho...
Valise, mochila, mala
Sapato, sandália, chinelo
Banheiro, cozinha, sala
Anseio, desejo, anelo
No sonho, no sonho...
Sonhei que ainda sabia sonhar
Sonhei que ainda conseguia dormir
Que pesadelo era acordar
Que o melhor era fingir!
15.10.2008.
Sonhei que eu era feliz
Morava numa casa em formato de L
Tinha esposa e filha ao lado
Profissão e contas para pagar
Supermercado e coisas para comprar
Sonhei que eu era feliz
Escrevia meus livros
Lia filosofia, ouvia música
Todo o dia era concelebrado
Sabia cantar, desafinado
Sonhei que eu era feliz
Existencialista
Atomista
Perfeccionista
Agnóstico, cético e quase ateísta
Imaginei-me louco
Loucura da mais doida loucura
Louco porque pensava
Bela porque é vida
Passageiro porque tudo passa
Imaginei-me pronto
Listo para a vida constante
Refeito para viver tal instante
Porque o amanhã é só amanhã
Porque depois da tempestade vem a enchente
Imaginei-me feito
Preparado para o mundo
Para meu mundo apenas que fosse
Para minha mulher, para minha filha
Porque o inferno é os outros e o mundo: uma ilha
Sonhei que tinha dentes e estômago
Cabelos, músculos e olhos castanhos claros
Coca-Colas e cigarros
Mãos hábeis e calos
Porque o mundo é um moinho
Sonhei que eu era a mesma pessoa que sempre fui
Que meu humor se alterava nas fases lunares
Que havia morado em tantos lugares
Que tive vários empregos e mulheres
Porque é na mesa onde se põem os talheres
Sonhei que tive móveis e coisas
Que comi de tudo em tantas cozinhas
Que plantei quiabo e colhi tomates
Que pintei casas e arremates
Porque mais vale um na mão...
Estive em tantos estados
Visitei todas as nossas regiões
Conheci climas e sotaques
Culinária e regionalismo
Porque atrás desse morro deve haver outro
Estive em tantas pessoas
Visitei todas as salas do ser
Conheci alma, espírito
Religião e metafísica
Porque sábio é aquele que sabe que não sabe
Estive em tantas coisas
Visitei tantas praias, tantas serras
Conheci élan, id, ego, imo
Socialismo e neoliberalismo
Porque deve-se saber um pouco de tudo
Sonhei que meu eu era tão EU
Sonhei que mundo era tão MEU
Que quando procurava acordar
Que quando assim me beliscavam para acordar
Era um mar onde se afogavam quem queria em mim estar
Sonhei que tinha um aquário
Família, geladeira, armário
Cunhado, primo, tia, sobrinho
Sonhei que não mais estava sozinho
Era um mundo de gente passeando no meu
Avenidas, ruas e vielas
Sete dias, sete vidas
Frutas vermelhas e amarelas
Um saco de balas sortidas
No sonho, no sonho...
Cidades, bairros e estados
Países, hemisférios e continentes
Preciosidades e grandes achados
Muita coisa, muitos bichos, muitas gentes
No sonho, no sonho...
Valise, mochila, mala
Sapato, sandália, chinelo
Banheiro, cozinha, sala
Anseio, desejo, anelo
No sonho, no sonho...
Sonhei que ainda sabia sonhar
Sonhei que ainda conseguia dormir
Que pesadelo era acordar
Que o melhor era fingir!