CASCO DE ÉGUA
25.10.2008.
Da poesia frouxa, da vida errada sem meta sem rumo, da filha que veio agora e tanto precisa dos meus anos, certo: a ambição do tempo, a luta contra o relógio, a filosofia que tanto liberta, o corpo que cansado reflete a mente exausta de tanta luta, talvez vã; que trapo, andrajo que arrasta por baixo de mesas em cima de migalhas; sorrisos que babam o róseo sangue, pois bem: desatento que viesse a ser mesmo assim perceberia o gelo, à distância, a ânsia por vida e serenidade onde tampouco apoio encontra quanto mais salta de meus olhos o calor dos asfaltos, a tímida declaração de posses e falando em bens próprios segue-se o rol de minhas aquisições intransferíveis: aniquilamento, solidão, antipatia pela ignorância que tantas portas abrem, cérebro quartinho de guardados de um mundo caranguejo, prazer exacerbado na música, nas palavras bem colocadas de um rico idioma latino, na inteligência de figuras sobre-humanas que sabem dispor tal sapiência, na paciência que ainda aguarda o descuido da cega justiça; a loucura da esperança, a loucura do abster-se da própria, o caminho e o contato com a natureza, os bichos, as folhas do caminho, as pedras do rio, a areia do mar... Mas que mar? Que rio? Que paz? Qual resistência até onde? Por aonde ir agora destrancada assim a tramela de meu coração e abertos pulsos que encharcam de dor as perguntas que não mais ouso fazer?
Contudo, despreocupo-me quando deixo assim mal conjugado verbo e sinto o sopro tão frágil que é sustentar-se nessas esquinas e quinas do equilíbrio trôpego que tanto pisa a sarjeta e poças, atoleiros e os crânios que chuto pensando serem cocos secos largados no chão; sinto-me à vontade quando transfiro de mim a culpa do trágico e na inconsumação daquilo que julgava ser necessário porto-me contraproducente de meus sonhos que nada além de delírios febris de orientação desorientada e desonesta com a realidade casco de égua que nos acerta os culhões ao mínimo descuido.
25.10.2008.
Da poesia frouxa, da vida errada sem meta sem rumo, da filha que veio agora e tanto precisa dos meus anos, certo: a ambição do tempo, a luta contra o relógio, a filosofia que tanto liberta, o corpo que cansado reflete a mente exausta de tanta luta, talvez vã; que trapo, andrajo que arrasta por baixo de mesas em cima de migalhas; sorrisos que babam o róseo sangue, pois bem: desatento que viesse a ser mesmo assim perceberia o gelo, à distância, a ânsia por vida e serenidade onde tampouco apoio encontra quanto mais salta de meus olhos o calor dos asfaltos, a tímida declaração de posses e falando em bens próprios segue-se o rol de minhas aquisições intransferíveis: aniquilamento, solidão, antipatia pela ignorância que tantas portas abrem, cérebro quartinho de guardados de um mundo caranguejo, prazer exacerbado na música, nas palavras bem colocadas de um rico idioma latino, na inteligência de figuras sobre-humanas que sabem dispor tal sapiência, na paciência que ainda aguarda o descuido da cega justiça; a loucura da esperança, a loucura do abster-se da própria, o caminho e o contato com a natureza, os bichos, as folhas do caminho, as pedras do rio, a areia do mar... Mas que mar? Que rio? Que paz? Qual resistência até onde? Por aonde ir agora destrancada assim a tramela de meu coração e abertos pulsos que encharcam de dor as perguntas que não mais ouso fazer?
Contudo, despreocupo-me quando deixo assim mal conjugado verbo e sinto o sopro tão frágil que é sustentar-se nessas esquinas e quinas do equilíbrio trôpego que tanto pisa a sarjeta e poças, atoleiros e os crânios que chuto pensando serem cocos secos largados no chão; sinto-me à vontade quando transfiro de mim a culpa do trágico e na inconsumação daquilo que julgava ser necessário porto-me contraproducente de meus sonhos que nada além de delírios febris de orientação desorientada e desonesta com a realidade casco de égua que nos acerta os culhões ao mínimo descuido.