O ARCO-ÍRIS

Minha roupa cinza

arrasta minh'alma pelos recantos

sombrios dos caminhos

que me alijam,

esperando o milagre da fênix;

o vermelho e o azul

se chocam comigo no meio

a absorver o impacto harmonioso

dos gigantes.

Enquanto o sangue perde o tom

na força minguada,

a lua amarela acende

o fogo nas entranhas, alheias

às cores ditadoras da imaginação.

Sossegado adormeço no branco

angelical a refletir o escuro

da noite na alma morta

sem sonhos coloridos.

O pintor que bebia sangue

pastelizava os tons dos quadros

a alimentar a alma de vampiro

na delícia da criação.

O azul do homem

o rosa da mulher.

O macho se ruboriza com o sexo

e perde a cor com o vermelho

líquido que cai do seu dedo menor.

A mancha na camisa branca

marca a alma na entrada

triunfal à Nova Jerusalém?

O homem pinta o sete

distribui as cores nos seus

arcos-cúmplices

e explica o destino pela

tonalidade do além.

Dê o corte, bote as cores

exponha-se aos amores e

humores de olhares infernais;

vista-se para os holofotes

e cuspa nas bandeiras lindas

que colorem as tintas sujas

nas linhas dos jornais.

Pinte o rosto

"que é uma questão

de vida ou morte"

e espere o arco-íris

iluminar seus ideais.

INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI
Enviado por INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI em 02/05/2011
Reeditado em 03/05/2011
Código do texto: T2945541