O ARCO-ÍRIS
Minha roupa cinza
arrasta minh'alma pelos recantos
sombrios dos caminhos
que me alijam,
esperando o milagre da fênix;
o vermelho e o azul
se chocam comigo no meio
a absorver o impacto harmonioso
dos gigantes.
Enquanto o sangue perde o tom
na força minguada,
a lua amarela acende
o fogo nas entranhas, alheias
às cores ditadoras da imaginação.
Sossegado adormeço no branco
angelical a refletir o escuro
da noite na alma morta
sem sonhos coloridos.
O pintor que bebia sangue
pastelizava os tons dos quadros
a alimentar a alma de vampiro
na delícia da criação.
O azul do homem
o rosa da mulher.
O macho se ruboriza com o sexo
e perde a cor com o vermelho
líquido que cai do seu dedo menor.
A mancha na camisa branca
marca a alma na entrada
triunfal à Nova Jerusalém?
O homem pinta o sete
distribui as cores nos seus
arcos-cúmplices
e explica o destino pela
tonalidade do além.
Dê o corte, bote as cores
exponha-se aos amores e
humores de olhares infernais;
vista-se para os holofotes
e cuspa nas bandeiras lindas
que colorem as tintas sujas
nas linhas dos jornais.
Pinte o rosto
"que é uma questão
de vida ou morte"
e espere o arco-íris
iluminar seus ideais.