Medos
Tenho o medo de sentir medo dos meus medos
São dois medos escondidos e contidos
No profundo céu de minh’alma,
Loucos para aflorar e me amedrontar.
Cadê a coragem para escapar?
Por que agora o medo do silêncio resolvera me habitar?
Por que o medo do vazio agora espreita o meu destino?
Como aguardar a morte após tantos tempos vividos?
Já não tenho mais o medo do escuro do quarto
De cujas paredes invisíveis guardam
Os invioláveis pensamentos obscuros e insondáveis,
Mas tenho medo do inesperado blecaute
Que escurece minha alma e transplanta dentro de mim
As sombras que arregalam meus olhos cansados.
Corro deste perigo até não sentir meus pés no chão.
Atrás das minhas costas, asas batem ao vento livre
Ganho as alturas... Ganho nuvens...
Lá embaixo tudo é tão pequeno... Tão distante...
Acordo de um confuso duelo da vida e da morte
Cujo destino é de sorte.
Lili Rebuá