SANTO DE INFINITA TRISTEZA

A quem lhe trouxe amargas lembranças nuas,

Como a percorrer num longo caminho oculto...

Nestas vidas em desalinho de verdades cruas,

Compadece-se nas sobras de um eterno vulto.

A mente será uma fácil presa de fatalidades escolhidas,

Que fere, como no desabar de um céu de vidros afiados...

Limpam-se as injustiças cegas dos homens, tão sofridas,

Mas deixam-se mágoas num corte, da carne em pecados.

Nada lhe escapa, mesmo sendo de um bom coração,

Onde o penhor da obediência foi sacrilégio mundano.

A despedida sem misericórdia aos olhos de um irmão,

Faz-te incapaz diante da escolha exata do soberano.

Ainda se achas feliz? Se tristeza também é teu alimento,

Qual fadada é ao plantá-la no seu corpo, e sem o saber...,

Onde esta sua guerra interior jamais a vencerá no tempo,

Mesmo que as purezas da tua alma dizem para não sofrer.

Quando enfim partires desta terra nascida de incertezas,

A tua dúvida em espírito se acalmará ao reconhecer a fé,

Que em vida te pôs em trono de vergonhas e fraquezas...

E na morte antes tão temida, tu diante dela põe-se de pé.

A infinita tristeza que em sua pele foi vestida como uma roupagem,

Não será abandonada, quando tua carne for totalmente consumida,

Dentro d’um túmulo de barro, qual um dia tu foste criado em imagem,

Mesmo que em teu novo lar feito um santo, ela tente ser esquecida.

Setedados
Enviado por Setedados em 28/04/2011
Reeditado em 17/05/2011
Código do texto: T2936464
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