LUA NOVA
Hoje. Ontem distante. Perdí-me no vazio do tempo.
Hoje não tenho idade… mas sei bem quem sou.
Só não sei o que eu quero. Só hoje. Quem sabe…
O “Debussy” tenta ajudar-me… nas suas mais perfeitas notas.
“Clair de lune”… Mas a minha é Nova. Escura.
Ainda mais que estou tão desafinada… Faltando uma corda, uma nota… Só.
Ora estou no ventre. Antes.
Ora tenho apenas cinco. Dúvidas.
Ora tenho apenas trinta e sete. Certeza.
Ora vácuo. Nada. E tudo.
A caneta… companheira e tradutora.
Tradutora do que nem eu mesma entendo.
Não entendo-me nunca. Apenas escrevo.
Cansada disto.
Vivo na linha tênue entre mim e o meu EU.
EU… que nem sempre gosto de visitar.
Dá trabalho… Tenho que carregar um candeeiro…
Há espaços tão vazios…
Outros os contradizem … extremamente cheios. Também de mim.
“Clair de lune”… traz-me a tua luz. Ajuda-me.
Ilumina a minha IN(existência)… onde a Lua, Hoje, é Nova.
Karla Mello