Sonho, delírio, talvez...
Não me lembro de ter adormecido,
nem percebido que as nuances
se dissipavam enquanto eu vagava por imagens frias.
Gritava, mas aquele silêncio absurdo,
ressoava por todas as janelas
que se fechavam diante do breu.
Andava por entre aquela gente
Como se fossem reprises
num espelho quebrado.
E chamavam meu nome...
De onde vinha a voz que me fazia estremecer?
Muitas vezes eu tapei os ouvidos,
mas o som parecia vir de dentro de mim.
Atormentava-me porque não conseguia entender,
eram vibração que enlouqueciam meu pensamento.
Vi você no meio de tudo aquilo
Gente, vozes, breu.
Eu corria em sua direção,
toda aquela gente me olhava
como se estivesse louca.
Meus gritos eram vazios, pareciam me virar do avesso.
De repente, me deparei com um imenso relógio
que nada marcavanem hora nem estação.
Eu estava ali esperando, esperando, esperando...
Até que o chão sumiu debaixo de meus pés.
A terra me tragou como se fora uma folha seca
de um interminável outono ...