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O vento insistia em apagar

a vela que valentemente

resistia.

A chama dobrava-se,

retorcia,

pendulava.

A cera pudica queimava,

derretia

O homem oprimia o homem

que não se dobrava á luz

do dia.

A fome era a margem.

A dor era a cria

que teimosamente dobrava

mas não cedia.

O sol era a testemunha

que passivamente contemplava.

O vento frio soprava

a barriga vazia.

O homem reto se consome,

se contorce,

mas a sua chama

continua acessa.

Poesia publicada no livro "Horas Verdes" - 2009