RIBEIRO

O ribeiro corre para mato a dentro

Corre o ribeiro, sabe-se lá para onde,

O seu mistério, destino se esconde,

Não se sabe se para cima ou para o centro.

Vem correndo da nascente, límpido ribeiro,

Sob o sol matando a sede dos bichinhos,

Sai rasgando a serra e abrindo caminhos,

Correndo contente sem um paradeiro.

És ribeiro e tem rios mais caudalosos,

Mas não fazem a tua obra ao refrescar

A floresta onde vidas a embrenhar

Tão ariscos bichos cautelosos.

O ribeiro corre em seu refrigério

Para o ser mais sedento do calor do dia,

Recupera do langor a harmonia

Para onde corre me é um mistério.

Eu olhei e vi como é seu correr estilo

Leva folhas secas que lembram baixeis

Refrescando os sapos e os coroneis

E também na margem banha-se o esquilo.

Tão suave corre seguro, o ribeiro,

Corre até a mágica queda dágua;

Vai limpando toda dor e mágoa

Que por ventura lhe abateu ligeiro.

(JORÃO BENTO)

JO BENTO
Enviado por JO BENTO em 25/04/2011
Reeditado em 21/05/2011
Código do texto: T2930620