O QUADRO
Quando se cruzam os quadros
na ambivalência das horas
os sinos dizem qualquer coisa
em desafinada harmonia.
Antes que a paisagem entregue
os fatos, a visão nega o foco
e distrai os pontos fixos
para uma tela sem cor.
Os homens, a passo lentos
abalam o crime do quadro
da entrada principal,
a expressão dorme ao relento.
Fugindo da tela a imagem
vislumbra-se ao bater contra o
muro de concreto da catedral,
dorme e sonha com a felicidade.
O mundo gira e a moldura
cai sobre o chão de encontro ao
invólucro como ao filho pródigo,
e faz chover à confraternização.
(Obs.: poema publicado no Livro ASSIM SE FEZ).