O TREM DAS HORAS
A reza carrega o trem das horas
e eu, sonâmbulo, mordo a isca
do vício fetal de amar.
Caem as flores, voam os homens
riem os restos mortais dos
crimes feitos a revelia.
A hora corre e o trem dorme
nas curvas do destino celestial.
Os sonhos mostram a luz opaca
enquanto o trem traz as cartas
de rústicas mãos de anjo.
Roedores, se aproximam os
ratos do trem, matando as horas
e festejando o vício da majestade
sonolenta rente ao chão.
O trem voa e solta as iscas.
O homem morre e chora o vício.
As horas roem o destino.
O verme sonha com a cabeça
na pedra de seda.
A reza carrega o trem.
O vício voa e forma a hora
do trem nas sombras mortas,
enforcadas pelas horas fúnebres
do homem livre à hora de dormir.
O trem rói as horas e as cinzas
mordem o calcanhar do círculo
vicioso, dormindo nos braços limpos
do eterno sonho do amor eterno.
(obs.: poema publicado no Livro Assim se Fez).