O TREM DAS HORAS

A reza carrega o trem das horas

e eu, sonâmbulo, mordo a isca

do vício fetal de amar.

Caem as flores, voam os homens

riem os restos mortais dos

crimes feitos a revelia.

A hora corre e o trem dorme

nas curvas do destino celestial.

Os sonhos mostram a luz opaca

enquanto o trem traz as cartas

de rústicas mãos de anjo.

Roedores, se aproximam os

ratos do trem, matando as horas

e festejando o vício da majestade

sonolenta rente ao chão.

O trem voa e solta as iscas.

O homem morre e chora o vício.

As horas roem o destino.

O verme sonha com a cabeça

na pedra de seda.

A reza carrega o trem.

O vício voa e forma a hora

do trem nas sombras mortas,

enforcadas pelas horas fúnebres

do homem livre à hora de dormir.

O trem rói as horas e as cinzas

mordem o calcanhar do círculo

vicioso, dormindo nos braços limpos

do eterno sonho do amor eterno.

(obs.: poema publicado no Livro Assim se Fez).

INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI
Enviado por INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI em 22/04/2011
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