Mentes silenciosas
Se pudesse
Num instante
A mente dos outros ouvir
O barulho ensurdecedor das ideias
Os conflitos
As certezas, as descobertas
As blasfêmias também seriam reveladas
O ser humano seria mais real
Hipocrisia deposta do trono.
Como seria
O borbulhar insistente
Dos pensamentos alheios?
A novidade, o prazer do outro
Antes de serem propagados?
À nudez da alma
O ser humano desmonta.
O grande mistério consiste
Em nem mesmo o próprio ser
Saber
Conhecer
A amplitude de sua potência
Prepotência
Limites, sabores
Desonras, dores.
A obviedade da mente alheia
Como vitrine dos “eus”
Sem mistério tornaria o indivíduo
Sem estímulo.
Bizarra suposição...
Olhos falam
Gestos gritam
Expressões revelam
Mas não há mentes capazes
De decodificar com intrepidez
Com exatidão
Cada som
Cada batida do coração.
Melhor contentar-se com o silêncio
Maravilhar-se a cada experiência
Ecoar as incertezas as dúvidas
Acreditar na aparência.
Melhor ouvir nossas próprias mentes
Todavia, reservemos tempo
Faz muito barulho!!!!