A rosa e o orvalho
Alguém plantou uma roseira
Duas semanas depois brotou,
Uma folhinha verde bonita,
Que o orvalho se apaixonou.
Meses depois, abriu um botão,
Foi o nascimento da rubra rosa,
Caía sorridente o puro orvalho,
Banhando contente, a flor cheirosa.
A brisa leve cantava canções
Para o orvalho e a rosinha,
Que juntinhos estavam sempre,
No jardim da nossa pracinha.
O sol da primavera bordava
O céu de raios resplandecentes,
A bela flor crescia a sorrir
E o orvalho a banhava contente.
Um dia, era noite de chuva
Águas a rolar, forte enxurrada,
No telhado, imenso barulho
Perdurando pela madrugada.
Ao levantar-me, bem percebí
Lamentações, choro... Naufrágio,
Fui até ao jardim pequenino,
Chorava copiosamente o orvalho.
A enxurrada arrancou a rosa
Do canteiro no pequeno jardim.
E minha morena querida...
Também roubaram de mim.