HIPOCONDRIA
Ensaio em ressurreição
A abelha retorna à flor
Quem dera, nenhum tufão
Quem dera nenhuma dor...
Tudo se faz de ilusão
Tudo seria perfeito
Não fosse o real, razão
Mas à verdade dá leito...
Caminheiro em contramão
Recolorir sempre, o intento
Mas carregado, em borrão
Tela do esquecimento.
Queria e ah, meu delírio
Sonhar com a nova chance
Novo dia e mais martírio
A tristeza ganha o lance.
Fosse o bem, maior que o mal
Da alegria o aval
Mas o contrário funesto
Engole do belo, o resto.
Neste inferno, a morte, o incesto
Demitificam amanhã
Que sonhei e em manifesto
Delineei neste afã...
Então não mais me molesto
E da tristeza malsã
Fujo, e num palimpsesto
Emudeço a escrita vã.