HIPOCONDRIA

Ensaio em ressurreição

A abelha retorna à flor

Quem dera, nenhum tufão

Quem dera nenhuma dor...

Tudo se faz de ilusão

Tudo seria perfeito

Não fosse o real, razão

Mas à verdade dá leito...

Caminheiro em contramão

Recolorir sempre, o intento

Mas carregado, em borrão

Tela do esquecimento.

Queria e ah, meu delírio

Sonhar com a nova chance

Novo dia e mais martírio

A tristeza ganha o lance.

Fosse o bem, maior que o mal

Da alegria o aval

Mas o contrário funesto

Engole do belo, o resto.

Neste inferno, a morte, o incesto

Demitificam amanhã

Que sonhei e em manifesto

Delineei neste afã...

Então não mais me molesto

E da tristeza malsã

Fujo, e num palimpsesto

Emudeço a escrita vã.

ANA MARIA GAZZANEO
Enviado por ANA MARIA GAZZANEO em 11/04/2011
Código do texto: T2903324