O adeus do cajueiro

Brisa traz-me uma cantiga

Pois, é o meu último desejo,

Vem brisa, oh! vem querida,

Vem dar fim ao meu degredo!

O meu caule está ferido,

Minhas folhas secas no chão,

As raízes no solo, morrendo,

A chuva desertou o sertão!

Sinto a morte em meus galhos,

Vou partir p'ra não mais votar

Levo saudades do frio orvalho,

Dos raios de sol e clarões de luar!

Feliz irei... sei brisa amada

Que o cancioneiro me cantará:

Com as noites de lua em prata,

Com as tardes de sol a brilhar!

Não me esquecerá a criança

Que em meu tronco, corpo nú,

Brincava em sua doce infância

E saboreava os meus cajús!

Adeus... adeus rouxinol, adeus brisa

Adeus... adeus sertão, oh! berço meu

Adeus palmeira, adeus cantiga,

Vou indo, adeus... adeeeeeuuuusss.

Roberval Andrade Carvalho
Enviado por Roberval Andrade Carvalho em 11/04/2011
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