vamos falar de poesia
Todos meus sentimentos sentam-se frente à mesa.
Formando o grande júri que analisa meus pensamentos;
Do amor ao ódio nasce o conflito iniludível,
E a esperta serpente desfruta cada momento.
O galho onde a maça descansa,
Se curva frente meus olhos;
A deleitosa santa virgem que da fruta delicia,
Olha-me com malicia...
-Terá se tornado outra indigna?
Mesmo presenciado a rude cena,
Minhas mãos suavam em querer pega-la;
E sem mesmo come-la meu coração teimava:
- Quero mais! Mais! – Ele gritava.
Eis a fome por conhecimento...
Medo de errar na tal da vida,
Eis na folha o manuscrito do réptil,
Eis a chamada poesia.
De repente da mesa,
Vou ao meio do mar conturbado,
No batel dançante sobre as ondas,
Portando o tesouro roubado.
Desembarco então, numa ilha inóspita,
Confundindo a perversidade das sereias
Com a hospitalidade de um bom amigo,
E acordo nu, nas costas de areia.
Me embebedo no canto dos bardos,
Me apaixono pela filha do rei,
Juntos, exploramos os mares,
Até que me mate:
“Seu progenitor desgraçado...”
Volto do inferno e vingo minha própria morte,
Seus filhos por vez cumprem sua irá;
Frente aos anjos negros iniciamos a batalha...
Qualquer falha,
E sobre o chão sem vida
Derrama o sangue da mortal ferida.
Consumada a epopéia,
Num show de versos termina,
Mais um caderno de escola,
Mais uma boa e velha...
Poesia.