Infinito
Estou mergulhando outra vez
No mar infinito dos meus sonhos
Não tenho começo nem fim
Ou mesmo um lugar para ir
Tenho a fantasia
Que me guia para lá e cá
Oscilando como um barco
Perdido num mar tempestuoso
Uma viagem sem objetivo é mais divertida
Pois não se foca no fim
Mas aproveita cada momento
E se eu me afogar
Encontrarei um novo ar para respirar
Porque há muito rompi todos os limites
Agora sou uma fada, uma rainha, um soldado
Não sendo nada
Torno-me livre para ser tudo
E aprendi a voar sem asas
Quando descobri que jamais as teria
Agora o mundo é pequeno
E busco sempre mais
Agora a tristeza é inspiração
A raiva é motivação
E a felicidade é utopia
Não sei onde estou
E desisti de me importar
Pois quem não sabe o que é a alegria
Pode ser feliz em qualquer lugar
E quem não sabe o que é a solidão
Nunca está sozinho
Sou aquilo que ninguém quer ser
E que todos invejam
Sou o nada que personifica tudo
E não voltarei para casa esta noite
Estarei vagando pelas ruas desertas
Usando os próprios seres sem sonhos
Para compor minha nova elegia
Sou o ser que não se importa com detalhes
Mas guarda tudo na memória
A bagunça que guarda todas as ideias
E elas surgirão exatamente quando delas precisar
Não tenho um prazo, não tenho um patrão
Mas não tenho tempo
Porque as ideias são muitas
E me chamam sem formar fila
E de repente eu sou essas ideias
Minha identidade se perde no oceano de sensações
Estou afundando de novo
E a sensação é tão boa
Que eu jamais poderia pensar em parar
Ainda estarei viva amanhã
E se não estiver, minhas palavras estarão
Sei que encontrarão alguém que as acolha
E embora não conheça sua face
Sei que as tratará com carinho
Pois num Universo tão grande
Há de existir alguém que as entenda
Pode ser que leve anos
Mas as palavras são abençoadas
Com a juventude eterna
E jamais perderão seu brilho
Porque o mesmo mundo que muda
É o mundo que volta ao ponto de partida
E precisa sempre das mesmas palavras
Para sair em busca de novos pontos de vista
Nem tudo precisa acabar
Mas muito precisa recomeçar
A humanidade ainda estará viva amanhã
E, se não estiver, suas marcas estarão
E certamente encontrarão alguém que as desvende
Porque nesse mundo infinito
Não estamos aqui em vão