ERMITÃO
Não quis que ninguém me dissesse
Nem que eu me importasse com alguém,
Queria todo verde que tivesse
Mais mar, mais sol, mais de cem...
Ermitão importante pra’s pedras,
Comer peixes doces ou do mar.
Fogueira acesa, água em queda,
Paredes de palha pra balançar.
Cama de folhas e pastos,
Rezar de manhã pra um só Deus,
Rir de animais em pequenos atos,
com único espectador: eu.
Mas pra quem contar minha vida?
Sem outros registros até a morte?
Desenhar em paredes, sem pedras,
Diário sem pena, a qualquer sorte!
Não adianta sem puro ou etéreo
Nem se poupar das coisas mundanas.
Sem memória se fica estéril,
Não soma algo: experiência profana.