ILUSÃO DE ÓTICA
Eu invento a palavra que me define
e derrubo os muros que me oprimem
e o linguajar sólido que me prende
à história a-histórica do mundo,
espelhado no sol visto do quadro
supracolocado na parede do alpendre.
Decifro o som que o sonho viu
e descanso ao ritmo mais louco dos brasis:
sem margens, nem marcas de cores
cantando a música que meus ouvidos aguentam
alérgico aos passos que impossibilitam rumores
dos devotos dos preços das flores.
Ligando a vida ao sonho
iluminando o mundo com a rima
riscando as ações das dores
respirando ar puro de utópicos odores.
E as asas batem como se o céu
fosse o limite,
e o limite sufoca como se o espaço
fosse o da agonia triste,
e os céus se esforçam para nos dá
o ar da justiça verdadeira
e nós sugamos da essência
a pureza interesseira.
Soa no ar o reflexo telúrico
que do meio ecoa,
iludindo na proa fosca de ótica.
(Obs.: poema publicado no livro Cúmplices)