ILUSÃO DE ÓTICA

Eu invento a palavra que me define

e derrubo os muros que me oprimem

e o linguajar sólido que me prende

à história a-histórica do mundo,

espelhado no sol visto do quadro

supracolocado na parede do alpendre.

Decifro o som que o sonho viu

e descanso ao ritmo mais louco dos brasis:

sem margens, nem marcas de cores

cantando a música que meus ouvidos aguentam

alérgico aos passos que impossibilitam rumores

dos devotos dos preços das flores.

Ligando a vida ao sonho

iluminando o mundo com a rima

riscando as ações das dores

respirando ar puro de utópicos odores.

E as asas batem como se o céu

fosse o limite,

e o limite sufoca como se o espaço

fosse o da agonia triste,

e os céus se esforçam para nos dá

o ar da justiça verdadeira

e nós sugamos da essência

a pureza interesseira.

Soa no ar o reflexo telúrico

que do meio ecoa,

iludindo na proa fosca de ótica.

(Obs.: poema publicado no livro Cúmplices)

INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI
Enviado por INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI em 14/03/2011
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