CORPUS CELESTE

Há cacos de vidros em minha órbita cerebral.

Anjos antena, sua saia de linho e o trem

Das emoções num trilho em espiral!

Azul claro, denso, tenro, tenso e nefasto!...

Um íngrime tropel à z'horas luz do salão de Deus

E seu quintal no firmamento!

Um estranho sai por duas portas enquanto abro

Janela nenhuma!

Num capacete de soldado o meu vaso de flor,

Numa puta de estrada o meu amor e numa cabeça

Cortada o clamor por justiça! Justiça!

Para sugar o leite da alegria, alguns momentos

À sombra de um pensamento grande ou de um grande

Pensamento!

O estranho mergulha no chão fincado no destino

Nas praças de Utopia, onde passeiam poetas, gnomos

E jovens senhoras em seus parangolês rodados!

Na órbita do espaço-tempo paira a paisagem da saudade.

Posso ver um castelo evacuado por fantasmas

Que ainda hão de nascer!

Não calco o conforto, mas seu conformismo me faz sombra

Com os escombros que mandei construir!

MAIS EM:

(http://reinodalira.wordpress.com)